sábado, 12 de dezembro de 2015

Os pobres que paguem a crise

Transcrevo esta peça de Elisabeth Miranda publicada hoje no Jornal de Negócios
Depois de ter passado sete anos à frente da Direção Geral dos Impostos, José Azevedo Pereira concedeu uma entrevista à SIC-Noticias. Entre o muito que não diz mas insinua, e as conclusões que consente que se tirem sobre a manipulação politica que o Fisco terá sido sujeito durante o último Governo, há uma informação que deixou cair sem ambiguidade: em 2014, quando saiu da Autoridade Tributária, uma equipa especial por si chefiada tinha identificado cerca de 1000 famílias ricas – os chamados “High net worth” indivíduos – que acumulavam 25 milhões de euros de património ou, alternativamente recebiam 5 milhões de euros de rendimento por ano.
Ora, em qualquer país que leva os impostos a sério, este grupo de privilegiados garante habitualmente cerca de 25% da receita do IRS do ano (palavras de Azevedo Pereira). Por cá os nossos milionários asseguravam 0,5% do total de imposto pessoal.
Por outras palavras, os milionários portugueses pagam 500 vezes menos do que seria suposto. Sem nunca se querer comprometer muito, Azevedo Pereira descreve que em Portugal como no resto do mundo, estamos perante grupos de cidadãos que têm acesso fácil aos decisores políticos e grande capacidade para influenciar a feitura das leis, Mas se, como assinala e bem, este não é um fenómeno exclusivamente nacional e, lá por fora os ricos sempre vão pagando impostos, presume-se que em Portugal a permeabilidade dos nossos governantes e deputados tem sido bem maior.

O grupo de funcionários do Fisco que estava à frente deste trabalho até 2014 foi desmantelado. 

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