sexta-feira, 8 de março de 2013

Três grandes razões para correr com este Governo

O governo de Relvas/Passos Coelho é pernicioso aos portugueses, Por aquilo que fez no passado, por aquilo que está a fazer no presente, e por aquilo que é incapaz de fazer no futuro. 1 – Passado: Estratégia desonesta na tomada do poder A estratégia de tomada de poder de Relvas/Passos Coelho assentou na diabolização de Sócrates. É verdade que este se pôs a jeito, pelo seu voluntarismo irrealista e teimosia na fuga para a frente. Relvas/Passos souberam hipocritamente cavalgar a onda de descontentamento provocada pelos tímidos ajustamentos que Sócrates quis implementar. Estiveram por isso sempre ao lado daqueles que se opunham aos cortes nas despesas de saúde e educação – veja-se a contestação ao fecho de escolas e hospitais – no que foram ajudados por uma imprensa hostil e pouco séria. Nos telejornais eram constantes as notícias de nascimentos em ambulâncias, por culpa da visão "economicista" da saúde do governo Sócrates. Foi com promessas de acabar com estas malfeitorias que não aprovaram o PEC IV (“o país não podia continuar de PEC em PEC”) e forçaram a queda do governo. Hoje a narrativa oficial pretende que a intervenção da Troika era inevitável pela subida incomportável da taxa de juros, omitindo que essa subida foi efeito da não aprovação do PEC IV conjugada com a tímida actuação da Europa perante os problemas na Grécia. De facto, uma actuação pouco vigorosa da Europa perante os problemas da Grécia, transmitiu aos mercados a ideia de que havia risco com o dinheiro emprestado aos países do Sul, levando ao aumento de juros a estes e deslocamento de capitais para os países virtuosos do Norte. A narrativa oficial fala agora no despesismo de Sócrates e das obras públicas desnecessárias. Haverá alguma verdade nisto, mas apenas alguma. Se olharmos para as estatísticas disponíveis podemos ver que, antes da crise do sub-prime em 2008, estávamos no caminho do equilíbrio orçamental. Sócrates pode até orgulhar-se, de ter, em 2007, apresentado o menor défice orçamental da história da nossa democracia, com um valor de 2,7%. A narrativa oficial omite que a Europa - toda ela e não apenas Portugal – viu na despesa pública a forma de ultrapassar os riscos de colapso de todo o sistema financeiro. Os juros baixos, o apoio dos fundos europeus e a fé de Sócrates no futuro, levaram a despesa do Estado para além do razoável. A dívida externa só se tornou um problema por causa da actuação tímida da Europa, pois o Japão tem uma dívida externa, expressa em percentagem do PIB, que é quase o dobro da nossa e os mercados não o castigaram. 2 - Presente: Actuação incompetente no presente Relvas/Passos Coelho rodearam-se de tecnocratas desconhecedores da realidade portuguesa. Gaspar não acertou uma previsão. De Álvaro, as ideias que se conhecem são, desenvolver o “cluster” do pastel de nata e baixar o IRC. Relvas/Passos Coelho acreditam que liberalizando o mercado de trabalho estão a criar condições para novos investimentos. Os empresários e os investidores poderão achar isto interessante, se houver procura. Nas actuais condições, os empresários preferem que seja aumentado o salário mínimo para fomentar a procura interna. E também por isso não aceitaram a redução da TSU. Relvas/Passos Coelho acreditam que uma nova economia constituída por empresas agressivas emergirá sobre os escombros da actual economia, no entender deles, demasiado centrada nos investimentos públicos e em empresários pouco agressivos. Não é de espantar o comentário de um secretário de Estado sobre o fecho de restaurantes: “Havia excesso deles”. Relvas/Passos Coelho demonstram uma insensibilidade total sobre os problemas pessoais. Se há desempregados que não encontram emprego é porque não querem trabalhar ou porque o subsídio de desemprego lhes permite uma vida confortável. 3 – Futuro – A formatação ideológica impede-os de encontrar outras soluções É conhecido o apego de Gaspar às ideias neoliberais: Desregulamentação, saída do Estado da economia. Os “supply siders” entendem que o motor da economia deve ser a facilitação da vida das empresas, reduzindo impostos sobre elas e desregulamentando o mercado. Infelizmente, na situação actual, este tipo de estratégia é suicidária. Com a enorme contracção na procura, só um louco pensará em investir ou criar uma nova empresa. Encarar o investimento público como uma possibilidade de solução não encaixa na formatação ideológica de Relvas/Passos Coelho. Argumentam que foi por causa do investimento público que nós estamos na situação actual, o que apenas é um quinto da verdade, e que não dinheiro para isso. Pois não. Mas a Europa como um todo podia, se quisesse, se tivesse coragem, se os seus dirigentes fossem outros, encetar uma espécie de plano “Marshall” pondo de lado as inibições ideológicas e o medo da inflação. Eu gostava de ver no governo do meu país alguém que se batesse pela procura de outras soluções. Não estou optimista.

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