segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Atirar areia para os olhos

O equilibrio das contas públicas não é possível fazer sem alguma dose de austeridade. Aumento de impostos e corte nalgumas despesas sociais são compreensíveis na situação actual porque precisamos de financiar no exterior as contas deficitárias do Estado. O que não é aceitável é o manifesto aproveitamento ideológico por parte do actual governo, em querer castigar os trabalhadores, lá porque existe um benchmark que mostra que a produtividade por hora do trabalho é baixa quando comparada com os países do Norte da Europa. E, para que o castigo seja melhor aceite, lá se vão debitando pontualmente umas acusações gratuitas e sem fundamento ao estado em que o governo anterior deixou o país. Aceitar que a situação em que estamos se deve exclusivamente à desgovernação anterior, é aceitar que temos que nos purificar pelo sacrifício pois as soluções são apenas nossas. Aceitar que a situação em que estamos, se deve exclusivamente à desgovernação anterior, é fechar os olhos a alternativas de actuação do governo, que deveria ter uma acção enérgica de defesa dos cidadãos portugueses junto da comissão europeia e do BCE e não querer apresentar-se como o "bom aluno". Com desgosto, vejo que na última reunião em Itália convocada por Mario Monti estiveram representantes de Espanha, Grécia e Irlanda. E Portugal, primou pela ausência. Aceitar que a situação em que estamos se deve exclusivamente ao desgoverno anterior é aceitar que o governo apenas olhe para dentro em vez de olhar para onde se encontra a verdadeira solução: na Europa.

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