Talvez pela excessiva presença do Estado na vida de todos os portugueses, muitos destes têm a crença que o acesso ao bem estar material dependente de quem nos governa.
Quando há mudança de Governo embarcamos alegremente na ilusão de que "desta vez é que é!" Como acaba por "não ser", zangamo-nos com quem não é capaz de nos satisfazer a expectativa, e queremos mudança. Esta ilusão inicial é designada pelos jornalistas pela expressão "estado de graça" e dura normalmente dois três meses até nos apercebermos que afinal o paraíso prometido não vai acontecer.
Evidentemente que também há aqueles que descrêm de todos os políticos, por isso não votam e acusam tudo e todos de corruptos e ladrões, e os outros que acham que o partido a que pertencem faz sempre tudo certo, e que o mal são sempre os outros.
Mas é o primeiro grupo, o que vai atrás de ilusões, que determina a alternância governativa, o que em si é evidentemente uma coisa boa.
Mudámos! Ainda bem, (digo eu, que até nem votei neles) e durante um tempo vamos ter um governo no tal "estado de graça" a quem se perdoa as incongruências. Se Passos Coelho fosse Sócrates eu ouviria: "outra vez aquele aldrabão - disse que não ia mexer no décimo terceiro mês e já o fez" ou "mais um truque do mentiroso, esteve a preparar a mexida no décimo terceito mês e agora vem dizer que foi a má execução orçamental do primeiro trimestre que o obrigou a esta medida"
Como sou céptico, olho para as promessas dos políticos procurando sempre ver mais além, por isso não me espantam as incongruências, nem me chocam as ditas "mentiras" porque sei que fazem parte do marketing necessário para se ganhar ou manter o poder. Já na Roma republicana o irmão de Cícero aconselhava este: "para ganhares eleições, não te esqueças do seguinte: os cidadãos preferem que tu lhes mintas a que tu não prometas aquilo que eles querem, mesmo que isso seja impossível"
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