sábado, 30 de julho de 2011

O caminho do meio

A esquerda fundamentalista não entende que a liberalização dos despedimentos pode de facto contribuir para a criação de empregos, pela simples razão de que nunca contratou ninguém e portanto não percebe que um patrão se inibe muitas vezes de contratar colaboradores com medo de ter que suportar salários numa situação de eventual decréscimo na facturação.
Como as estatisticas mostram que a maioria dos desempregados, só se decide a aceitar um novo emprego quando o subsídio está prestes a terminar, a direita fundamentalista acredita que facilitar os despedimentos e diminuir os apoios sociais aos desempregados, não só fará criar empregos como obrigará os desempregados a decidirem-se mais cedo pela aceitação de novos empregos. Numa situação de crescimento da economia as coisas poderiam ser de facto assim, mas quando a oferta de trabalho diminui, não se pode obrigar um desempregado a encontrar aquilo que não existe.
Entre o governo de direita com Vitor Gaspar admirador de Milton Firedman e Álvaro Santos Pereira adepto de Felipe Cavallo, e a esquerda que não acredita na economia privada, tem que haver espaço para o pragmatismo inteligente.
Siddharta Gautama, depois de ter passado primeiro pela procura desenfreada do prazer e depois pelo ascetismo rigoroso concluiu que o caminho da sabedoria era o caminho do meio.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Perturbante...

O assassino de Oslo atingiu os seus objectivos: hoje no forum da Antena 1, muitos intervenientes em vez de se mostrarem chocados com o sucedido, preferiam pôr a tónica na ameaça islâmica. Racismo, misturado com fundamentalismo cristão. Surpreendentemente a extrema direita teve o seu dia de propaganda.

domingo, 24 de julho de 2011

A pseudo epifania da direita portuguesa

Sócrates saíu de cena e tal bastou para que muitos dos nossos políticos da direita mudassem de discurso.
Mais vale tarde do que nunca? Não porque esta gente não tem emenda. Se neles houvesse uma ponta de humildade reconheceriam erros cometidos, mostrar-se-iam constrangidos por terem injustamente acusado Sócrates de nos ter trazido todos os males do mundo.
Sócrates era acusado de não oferecer credibilidade, por isso os juros subiam e as agências de rating penalizavam-nos.
Teixeira do Santos era incompetente porque não fazia previsões fiáveis (Vitor Gaspar diz que a incerteza é muito elevada...)
O corte nas despesas do Estado não se fazia por clara incompetência do governo que preferia actuar do lado da receita, aumentando os impostos.
Descobriram a Luz? A epifania será sequente? Infelizmente não, porque não podemos esperar muito de quem adopta na política uma atitude de claque desportiva.

A lata desta gente - 3

Manuela Ferreira Leite na sua crónica no Expresso acha que é uma injustiça acusá-la de ter mudado de opinião sobre as agências de rating, porque dantes toda a gente percebia que Sócrates não era capaz de reduzir a despesa e hoje todos percebem que temos um governo que o vai fazer.
Explique lá uma coisa D. Manuela: as agências de rating devem julgar intenções?
Brada aos céus tamanha imbecilidade!

Olimpiadas da matemática

Nunca alinhei com o coro "dantes é que o ensino era bom, agora das escolas só saiem ignorantes".
Estas afirmações empíricas, não baseadas em dados estatísticos mas em factos isolados, em que se toma a parte pelo todo, em que se fazem generalizações apressadas, sempre me irritaram.
Pois bem, agora tenho matéria para ripostar: Um jovem português de 16 anos, Miguel Santos -estudante do 10.º ano em Alcanena conquistou a medalha de ouro nas Olimpíadas de Matemática que decorrem em Amesterdão. Ainda na mesma competição, os estudantes Raul Penaguião, de Sintra, e João Santos, da Maia, conquistaram medalhas de bronze. Luís Duarte, de Alcains (Castelo Branco) arrebatou uma menção honrosa.

terça-feira, 19 de julho de 2011

O desvio colossal

O Ministro das Finanças diz que entre a expressão desvio e a expressão colossal havia muitas palavras intermédias. E que para ele foram detectados desvios e que os trabalhos a fazer exigem um esforço colossal.
A SIC não ouviu o Ministro e hoje durante 10 minutos passou em rodapé a expressão desvio colossal, tudo junto! Entretanto Bruxelas desconfia que aqui há manobra política e diz que as contas foram bem escrutinadas e mais: esclarece que uma coisa são desvios decorrentes da actividade económica e outra são dados escondidos.
Realmente a falta de seriedade desta gente não me espanta!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A lata desta gente - 2

Bagão Félix hoje na RTP-N: "É fácil fazer discursos sobre como reduzir a despesa do Estado! Difícil é concretizar..."

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O sindroma de Spartacus

Esta reflexão tem realmente que ser feita! Pelo Bloco, pela Intersindical, pelo PS, pelo PC!
Politicas de esquerda na situação actual apenas podem cingir-se a minimizar os danos e salvar o que for possível do Estado social. O mundo global adoptou o capitalismo. A Europa virou à direita.
Quem leu Lenine deve recordar-se que o êxito depende de uma avaliação correcta da correlação de forças. Exigir de mais - "oportunismo de esquerda" - pode pôr tudo a perder.
Lembro-me sempre de Spartacus. Libertar a humanidade da escravatura era um objectivo nobre e justo. Mas a correlação de forças não lhe era favorável e o seu pequeno exército de escravos revoltados secumbiu frente às legiões de Crasso e Pompeu.
Também é verdade que às vezes um martir dá jeito. Mobiliza! Consciencializa! Mantenhamo-nos atentos ao que e passa na Grécia.

Ministro fecha 266 escolas de imediato

Haja Deus!
Será que estou enganado? Acho que nunca ouvi a Nuno Crato uma palavra de apoio às medidas idênticas tomadas no governo anterior!

terça-feira, 12 de julho de 2011

A lata desta gente!

Quando afinal se descobre que existe uma crise europeia (Marques Mendes), quando se descobre que há um ataque ao euro por parte das agências de rating (Cavaco Silva), quando afinal o número de desempregados pode chegar aos 800.000 (Passos Coelho) porque o ajustamento tem que ser feito, eu pergunto: acreditavam mesmo que substituindo o governo PS podiam resolver os problemas?

domingo, 10 de julho de 2011

O Sr. Presidente está consternado!

Todos os comentadores políticos hoje assinalaram a contradição de Cavaco Silva: com Sócrates no poder, a Moody's era justa; com Passos Coelho a Moody's é injusta.
Há de facto uma razão para considerarmos que só agora a agência de rating está a ser injusta. É que no ano passado o governo tinha contra si uma oposição demagógica e irresponsável e um presidente pouco solidário. E como hoje estes dois factos não se verificam, na realidade, hoje está a ser injusta.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Moody's corta o rating de Portugal em 4 níveis

Pergunta ingénua: Então não bastava pôr o Eng.º Sócrates na rua para ganharmos a confiança dos mercados?



segunda-feira, 4 de julho de 2011

O meu momento masoquista é

...ouvir o forum da TSF.


A grande maioria dos portugueses não tem consciência das mudanças que nos últimos anos ocorreram no mundo. Não compreende as implicações da globalização da economia, não percebe o impacto da crise financeira de 2008, nunca ouviu falar da bolha imobiliária e do sub-prime, não interiorizou que Portugal está submetido a regras comunitárias, julga que os bancos são dispensáveis na economia de um país, não tem a noção de que cerca de 2/3 dos gastos do Estado são vencimentos e prestações sociais, e que os "chorudos ordenados e reformas milionárias" dos políticos na realidade têm um peso ínfimo nas despesas do Estado.

Esta desinformação tem dois culpados: todos os partidos políticos que se encontram na oposição, que adoram malhar no governo quando este fecha escolas sem alunos ou hospitais sem doentes,
e os media que fazem coro.

Hoje era unânime a opinião que o imposto extraordinário sobre o subsidio de Natal era um roubo! Pessoalmente podia tomar a atitude de regozijo porque o PSD está agora a provar do seu próprio veneno. Mas não! E espero sinceramente que o PS não embarque (mas tenho dúvidas...) no facilitismo do bota-abaixo, na demagogia de se colocar na linha da frente dos inevitáveis protestos. Porque há coisas que, para bem de todos nós, com ou sem troika devem mesmo ir para a frente: Reduzir o número das autarquias, rever a lei das rendas, reduzir a dimensão da máquina administrativa do Estado, etc.
Uma oposição consciente não pode ir a correr colar-se ao primeiro protesto que surja.

domingo, 3 de julho de 2011

Isto começa mal...

A extraordinária novela Bairrão - narrada pelo Expresso - e os comentários de Balsemão sobre a inoportunidade da privatização da RTP não auguram nada de bom sobre a forma como as decisões são tomadas pela equipa de Passos Coelho. Se Balsemão achasse que a sua opinião não contava devia ter ficado calado. (Adoro os empresários que defendem o mercado e depois queixam-se da concorrência...).
Lembram-se? Sócrates foi acusado de querer controlar a comunicação social. Passos Coelho arrisca-se de vir a ser acusado de ser controlado pela comunicação social.

sábado, 2 de julho de 2011

Aí está D. Sebastião

Talvez pela excessiva presença do Estado na vida de todos os portugueses, muitos destes têm a crença que o acesso ao bem estar material dependente de quem nos governa.
Quando há mudança de Governo embarcamos alegremente na ilusão de que "desta vez é que é!" Como acaba por "não ser", zangamo-nos com quem não é capaz de nos satisfazer a expectativa, e queremos mudança. Esta ilusão inicial é designada pelos jornalistas pela expressão "estado de graça" e dura normalmente dois três meses até nos apercebermos que afinal o paraíso prometido não vai acontecer.
Evidentemente que também há aqueles que descrêm de todos os políticos, por isso não votam e acusam tudo e todos de corruptos e ladrões, e os outros que acham que o partido a que pertencem faz sempre tudo certo, e que o mal são sempre os outros.
Mas é o primeiro grupo, o que vai atrás de ilusões, que determina a alternância governativa, o que em si é evidentemente uma coisa boa.
Mudámos! Ainda bem, (digo eu, que até nem votei neles) e durante um tempo vamos ter um governo no tal "estado de graça" a quem se perdoa as incongruências. Se Passos Coelho fosse Sócrates eu ouviria: "outra vez aquele aldrabão - disse que não ia mexer no décimo terceiro mês e já o fez" ou "mais um truque do mentiroso, esteve a preparar a mexida no décimo terceito mês e agora vem dizer que foi a má execução orçamental do primeiro trimestre que o obrigou a esta medida"
Como sou céptico, olho para as promessas dos políticos procurando sempre ver mais além, por isso não me espantam as incongruências, nem me chocam as ditas "mentiras" porque sei que fazem parte do marketing necessário para se ganhar ou manter o poder. Já na Roma republicana o irmão de Cícero aconselhava este: "para ganhares eleições, não te esqueças do seguinte: os cidadãos preferem que tu lhes mintas a que tu não prometas aquilo que eles querem, mesmo que isso seja impossível"

Recomeço

Mantive actividade durante alguns anos no blogue Perplexo até que um dia me zanguei com algumas decisões do governo Sócrates e parei. Quando quiz regressar, não o pude fazer porque entretanto mudara e-mail, password, e o diabo a sete. Enfim, adversidades incontornáveis pelas minhas fracas competências internéticas.
Abre-se um novo ciclo político e a vontade de não estar calado superou a inércia, pelo que eis-me aqui de novo.